quinta-feira, fevereiro 25

DOIS ANOS DE SAUDADE

Hoje faz dois anos do falecimento de minha mãe. A mulher que foi um grande exemplo, de que tudo na vida pode ser modificado. Que me ensinou que a luta pela liberdade de viver um grande amor, existe e vale muito à pena. Tudo vale, quando a alma não é pequena.
Que só devemos nos arrepender do que fizemos, pois não fazer, quando se quer, dói muito.

Minha mãe, Antonia Maria, foi uma menina franzina, mas valente. Aprendeu a ler e escrever, olhando pela janela da escola, pois não lhe foi dada nenhuma oportunidade. Ela agiu e aprendeu sozinha.

Com 06 anos de idade, órfã de mãe, e pai fraco, foi morar com a irmã mais velha e um cunhado cruel. Nos contava que ele, chegava com um capado (porco abatido), jogava encima da mesa e lhe entregava uma faca afiada, e ela que se virasse. E ela se virava muito bem! Era danada aquela garota! Dormia num paiol de milho e sua única boneca era feita de espiga de milho, que ela mesma confeccionou.

Casou-se aos 15 anos para fugir daquela vida . Teve 11 gestações e 10 filhos. Um ela perdeu num dia de bebedeira do meu pai. Caiu da escada. Nunca se perdoou por isso. Foi honrada pelas crias, pois, como sempre dizia: Não tenho filho bandido, nem piranha. Para ela isso era uma vitória.

Teve uma vida de dor e muita desilusão. Mas, nao se deixou vencer por isso. Amava dançar e cantar. Lembro-me sempre dela assim...dançando e cantando!

Aprendi que os pensamentos são ondas magnéticas que alcançam o inimaginável. Sendo assim, meus pensamento vão todos, agora para ela.

Vejo-a linda, com seu vestido vermelho de detalhes azul-marinho. Seus cabelos grisalhos, muito bem arrumados. Maquiagem suave, só destacando os olhos de um verde profundo. O olhar é seguro, de quem conhece todos os passos do Bolero. O cavalheiro também está nos trinques. Cheiroso, bem-vestido e com os sapatos que mais parecem espelho. Bom dançarino. Galante, mas respeitador, como ela exigia. As luzes todas acesas só para que todos pudessem ver sua desenvoltura pelo salão, flutuando como uma pluma.

Só que agora, o parceiro é o seu amor, Deoclaucino di Pollo. O grande amor de sua vida.

Eles sorriem e se olham uma para o outro, como se nada mais existisse. Acabou a saudade, perpetuando alí, nesse momento, a felicidade que mereciam ter tido.

Para você, minha Senhora, minha Rainha, minha Musa inspiradora, vai toda a minha saudade.
A minha angustiosa saudade. Mas me sinto preenchida pelo amor que recebi de voce. Por tudo que me deu. Só tenho que lhe agradecer do fundo do meu coração todas as lições, todos os carinhos e te dizer: Maezinha, um dia estaremos juntas e daremos muitas risadas dos que ficaram por aqui. Como sempre fazíamos!

Continue bailando, Minha doce Antonia... Baila...Baila♥♥♥

2 Suspiros:

Federico Fellini disse...

Belle parole!

DaniellaLoba disse...

Adoro escutar essas histórias de vida. Narrada com tanto sentimento bom, então, é melhor ainda. Gostaria de ter conhecido sua mãe!
Se cuide, neguinha!

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails